Gamer foi lançado no mesmo ano que Avatar e Surrogates -- três filmes com temática sobre avatares. No entanto, enquanto nos dois últimos, a discussão tecnológica e filosófica gira em torno do uso de corpos artificiais como avatares para os humanos, em Gamer, a abordagem vai além, com a utilização de seres humanos como avatares controlados por terceiros. No filme, as pessoas “vendem” seus corpos para os que outros os controlem/utilizem ou, no caso de prisioneiros, eles são sentenciados a serem avatares para jogos de luta (daí o nome do filme).
Acredito que a reflexão mais interessante que esse filme traz não é apenas a questão do uso literal (stricto sensu) de pessoas como avatares, mas o domínio psicológico (lato sensu) que algumas pessoas exercem em outras, a tal ponto, que essas últimas passam a operar como avatares implícitos das primeiras, muitas vezes, sem perceberem.
Nesse sentido, a discussão vai muito além da tecnologia, tocando em questões profundas da existência humana e dos relacionamentos. A tecnologia, por sua vez, tem o potencial de intensificar o processo.