Com o avanço da inteligência artificial nos últimos anos alavancado pelas tecnologias digitais estamos vivendo uma aceleração vertiginosa nos processos de automação em virtualmente tudo ao nosso redor: saúde, negócios, direito, comunicação, marketing, ciência, entretenimento, criatividade, etc. Apesar das estimativas de que menos de 5% dos empregos possam ser totalmente automatizados no futuro, por outro lado, 30% do trabalho envolvido na maioria das atividades profissionais hoje já pode ser realizado por máquinas. Essa automatização galopante no mundo com a crescente ascensão dos robôs faz emergir uma pergunta urgente para a humanidade: qual o impacto disso na nossa existência? A resposta que se delineia é: enorme – mas se será enormemente bom ou enormemente ruim, depende de nós.
A primeira consequência de qualquer impacto significativo nas nossas vidas é se nos tornaremos senhores ou vítimas da mudança que ele causa. Imagine uma onda gigante se aproximando de um surfista – o seu impacto poderá afoga-lo ou conduzi-lo, dependendo de como ele atua: resistindo a ela ou utilizando-a como impulso. O mesmo acontece hoje com a onda tecnológica da automação no mundo – Internet das Coisas, Inteligência Artificial, nanotecnologia, robótica e big data são tecnologias estruturantes desse processo e podem ser usadas tanto para nos alavancar como nos esmagar, dependendo das nossas habilidades para lidar com elas.
Automatização e Ampliação
O mundo complexo e exponencial de hoje é incerto e imprevisível, requerendo preparo para lidar com o inesperado e capacidade de mudar constantemente – esse contexto favorece o trabalho intelectual. Nesse cenário duas tendências tornam-se cada vez mais dominantes:
- Automação – Tudo o que puder ser digitalizado e automatizado, provavelmente será.
- Ampliação – Indivíduos com alto grau de educação atuando em atividades intelectuais conseguirão trabalhar com sistemas automatizados que os assistirão para ampliar e melhorar os seus trabalhos complexos.
Onde o humano ganha dos robôs
Conforme a automação e a ampliação avançam, humanos que exercem trabalhos repetitivos serão inevitavelmente substituídos por máquinas – não temos como competir, e nem deveríamos querer atuar nesse tipo de atividade. O seu cérebro conseguiria calcular uma rota de viagem com a velocidade e a precisão que o Waze faz? Você prefere perguntar um caminho para um amigo ou para o Waze? Por mais inteligente que um humano seja, a nossa configuração biológica não foi configurada e programado para esse tipo de processamento. A velocidade e a precisão das máquinas em áreas automatizáveis superam fantasticamente as dos seres humanos!
No entanto, os algoritmos de inteligência artificial e máquinas não são bons para lidar com ambiguidades e nuances, fazendo com que tenham dificuldade em julgar e tomar boas decisões nessas áreas. Nisso os humanos são muito mais rápidos e precisos. Quanto mais a economia se torna digital e automatizada, mais necessária tende a ser a atuação de humanos para trabalhar com as máquinas usando pensamento crítico exercendo trabalho intelectual. Além disso, máquinas não possuem emoção, empatia e ética – características essenciais para a sustentabilidade e bem-estar de qualquer sociedade.
Portanto, até que essas dimensões do ser humano possam ser replicadas em robôs, elas passam a ser atributos cada vez mais valorizados em qualquer profissional. Por isso, as grandes empresas de tecnologia empregam cada vez mais humanos que tenham características … humanas!
Para conhecer os riscos de ser substituído por robôs, você pode acessar o link abaixo, que estima a probabilidade de automação em 702 profissões, baseando-se no estudo “The Future of Employment: how susceptible are jobs to computerisation“:
>>> https://willrobotstakemyjob.com/
Como não ser substituído por um robô
É importante notar que, no passado, devido à limitação tecnológica existente, diversas atividades repetitivas precisavam ser executadas por humanos. Na era digital, esses trabalhos passam a ser realizados cada vez mais por robôs, e, consequentemente, não existe mais espaço para humanos robóticos – as tecnologias digitais associadas às mecânicas estão libertando o ser humano da escravidão dos trabalhos repetitivos, sejam eles físicos ou mentais.
Nesse novo contexto, o ser que tende a ter valor e sucesso é o humano digital, aquele que se desenvolve e educa continuamente para se tornar o melhor humano possível ampliado ao máximo pelas tecnologias disponíveis. Para isso, as principais habilidades que precisamos cultivar são:
- Pensamento crítico – curiosidade, aprender a perguntar e a ponderar para detectar novas ameaças e oportunidades;
- Imaginação e Criatividade – para solucionar ou aproveitar toda e qualquer nova situação;
- Conexão com pessoas – relacionamento para favorecer a inovação e a experiência: colaboração, negociação, sensibilidade, emoção, empatia, ética e sustentabilidade;
- Conexão com tecnologias – mente aberta para abraçar e experimentar novas tecnologias na busca contínua na melhoria da cadeia de geração de valor;
- Resiliência – para conseguir vencer as dificuldades das transformações constantes do ambiente, alto grau de incerteza e complexidade.
Os humanos essenciais na era das máquinas são, portanto, aqueles que saibam pensar criticamente, perguntar, imaginar, ponderar, negociar, solidarizar, sentir, amar, se emocionar e também fazer emocionar e sentir. Movidos pela ética, empatia e sustentabilidade. Humanos digitais, não robóticos, que sejam emocionados, emocionantes, apaixonados e apaixonantes, educados, conectados e que consigam viver em harmonia com humanos e máquinas – contribuindo e extraindo o melhor que cada ser tem a oferecer: seja um ser biológico (carbono), artificial (silício) ou híbrido.
Assim, paradoxalmente, quanto mais tecnologia temos no mundo, mais humanos precisamos ser.
Para não ser substituído por um robô, não seja um robô ;-)